quarta-feira, 3 de novembro de 2010

LENDA SOBRE HISTÓRIA DE MILHO VERDE

Autor: Ivo Silvério da Rocha
Entidade: Associação Cultural e Comunitária de Milho Verde
Cidade: Serro
Livro Histórias das Comunidades Mineiras
I Concurso Estadual de Redação Popular, ano de 1988.
Segundo lugar no concurso.
Páginas 15 a 17.


Não sabemos a era de nossa comunidade com este lindo nome de Milho Verde. Sabemos que quem colocou este nome foram os Bandeirantes, que estavam viajando pelo Jequitinhonha, ao passarem nas vertentes de uma água que corre daqui de dentro da rua e cai no Rio Jequitinhonha, numa distância de dois quilômetros. Eles conheceram a água e disseram: "Vamos acompanhar esta água, certamente tem morador...".

E verdade, encontraram um morador por nome de Modesto. Os Bandeirantes estavam com fome e perguntaram ao Sr. Modesto se tinha alguma coisa para comer. Ele respondeu: "Não tenho nada; tenho milho verde, se vocês quiserem, podem apanhar e assar". Eles aceitaram, assaram e comeram. Perguntaram para o Sr. Modesto: "Aqui tem nome?" Ele respondeu: "Não". "Pois então aqui vai ficar com o nome de Milho Verde", disseram os Bandeirantes.
Daí por diante, não sei contar como cresceu aos poucos. Temos duas igrejas históricas, a da Matriz e a que se chama Igreja do Rosário, Padroeira dos Negros. Em outro século, aqui tinha casas de ourives, várias casas de comércio e um quartel onde prendiam e amarravam os negros nas correntes e nos troncos.
O Milho Verde que já era bem evoluído, há uns 150 anos atrás começou a se acabar, depois que começaram as derrubadas no Paraná, São Paulo, Belo Horizonte, outras pessoas saindo para a mata do rio, para apanhar café e derrubadas em várias estradas de trem de ferro pelo Brasil.
Os que continuaram, foram vivendo às custas de roças e garimpo, mas nada valendo nada. Há uns 25 anos atrás, começaram a sair de novo, para São Paulo e ir cortar lenha no Sertão. Eu mesmo, em 1972, fui para São Paulo e voltei em 1979.
De uns 15 anos para cá, já cresceu a Vila de Milho Verde. Tem um bairro bem evoluído, por nome de Rua do Campo; outro pela saída do Serro, com uma boa área para crescer, já com umas três ruas, com várias casas boas e em construção feitas por vários turistas. Pela saída de Diamantina, já se promove mais um bairro novo. Todos eles têm lindas vistas que dão para se enxergar de oito a dez quilômetros de distância.
Temos um campo de futebol, fundado há 27 anos; temos um ótimo grupo escolar  há 12 anos; um posto de saúde há uns 11 anos; um cartório no centro, dirigido por Maria das Dores de Carvalho; temos telefone, só ainda não foi feita a ligação direta, ainda não estamos utilizando-o. E as famílias que foram embora, só falam em voltar para cá.
Há uns seis anos começaram a surgir alguns turistas. Todos os feriados e férias que eles têm, vêm passar seus dias aqui. Vários armam barracas, outros alugam casas, outros ficam na Pensão Morais.
Temos uma creche fundada e funcionando há uns oito meses e uma Associação Comunitária fundada há três anos. O presidente é o Sr. Josias Ferreira de Morais, o mesmo que dirige a creche. 
Temos duas danças históricas: a Marujada e o famoso Catopé, dirigido por mim e Sebastião. Nas festas do Rosário, um grupo de negros formado por 30 a 40 componentes, dançam as danças africanas mais famosas.
E temos várias procissões com grandes atrações, nesta Vila de Milho Verde, que em breve vamos ver passar a condição de cidade, mas que para mim, digo a verdade e lamento, se passar à cidade algum tempo, para mim, o nome que vai ficar registrado com amor e alegria, para todos desta comunidade, é Milho Verde.
Venha conhecer as nossas lindas paisagens, um lugar de saúde. Queremos movimento e empregos que faltam para nós. Temos um número de habitantes na região que pertence à comunidade de 1.600 a 1.700 pessoas. Faltam indústrias, uma ponte no Rio Jequitinhonha, e o DER asfalte definitivamente a nossa estrada do Serro à Diamantina, para que o trânsito melhore um pouco.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DESEJA FAZER UM COMENTÁRIO SOBRE A POUSADA MORAIS?