quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Milho Verde que te quero verde

      "Vilarejo do Serro é uma das muitas surpresas agradáveis entre as montanhas e trilhas da Estrada Real, na Serra do Espinhaço" 

     As montanhas de Minas Gerais trazem, além das belezas naturais, muitas surpresas agradáveis. Isso é o que Vitrine Minas* pode comprovar no distrito de Milho Verde, no município histórico do Serro. Encravado no alto da Serra do Espinhaço, bem em frente ao Parque Estadual do Pico do Itambé com seus 2.044 metros acima do nível do mar, o lugar é um dos pontos de parada obrigatória por aventureiros que circulam pela Estrada Real, entre o Rio de Janeiro e Diamantina.

   Localizado a 1.120 metros de altitude, num típico clima de montanha, Milho Verde é daqueles lugares em que se vai pela primeira vez e ao sair, tem-se a sensação de que estaremos por lá muitas outras vezes.
Milho Verde ganhou notoriedade em 1981, quando o cantor Milton Nascimento gravou o disco CAÇADOR DE MIM.  Na arte interna do LP (long play, os antigos discos de vinil), Milton usou uma foto da igreja Nossa Senhora do Rosário, de Milho Verde. A partir dessa divulgação espontânea, o distrito ganhou ares de lugar místico e o desenvolvimento do seu potencial turístico aconteceu de forma natural. Mas Milho Verde é bem mais antigo. Na verdade, é um lugar secular. A data de fundação do vilarejo é considerada como 9 de julho de 1711, quando o português MANUEL RODRIGUES MILHO VERDE, natural da Província do Minho, em Portugal, instalou-se no local, montando um posto de fiscalização para a saída do distrito Diamantino (hoje, a cidade de Diamantina). Foi lá, em Milho Verde, que nasceu CHICA DA SILVA, em 1731 e batizada na Capela Nossa Senhora dos Prazeres.

   Duas importantes igrejas setecentistas - Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres e Capela de Nossa Senhora do Rosário, ladeadas por modesto casario colonial, conferem uma atmosfera de paz e contemplação ao lugar. Outra curiosidade sobre o local: bem pertinho dali, no município do Serro, perto da Chacrinha, caminho de Capivari, nasce o Rio Jequitinhonha, um pequeno córrego que corre suave entre as pedras das montanhas locais, até se tornar maior, a partir de Diamantina, percorerndo todo o nordeste mineiro e parte do estado da Bahia, até desaguar no Oceano Atlântico.
A igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, construída em barro e madeira, foi restaurada com apoio da Usiminas há alguns anos e é uma espécie de símbolo do lugar. É a primeira paisagem local que os visitantes querem ver. Poucas ruas, ainda de chão, estreitas e com casas antigas daquelas com as janelas e portas abertas para a rua, abrigam pessoas com a típica simplicidade interiorano de Minas Gerais. Sempre cordiais, acenam a cabeça em saudação a quem passa e se for preciso, há sempre um tempo para um "dedinho de prosa".

   Nos poucos bares e restaurantes locais, as opções variam entre a comidinha caseira, mineiríssima, preparada no enorme fogão a lenha na POUSADA MORAIS, passando pela pizza do Toninho e Lana, até a deliciosa massa caseira preparada na Pousada Luar do Rosário. Há ainda outras opções, como o Bar Ovelha Negra, e claro com suas porções e charme da decoração excêntrica do Armazém, considerado o point do lugar. É lá, no Armazém, que os jovens gostam de passar a noite ouvindo boa música, enquanto espera o dia amanhecer só para ver o belíssimo nascer do sol. Há ainda duas mercearias, uma na rua Direita e outra na rua dos Prazeres, onde se pode encontrar produtos diversos, vinho de uva, etc. E o café da manhã da dona Geralda é um charme a parte, próximo da Igrejinha do Rosário. Há ainda uma lojinha onde se pode alugar uma bicicleta e dar umas boas pedaladas pelo lugar.





   Para quem procura sossego e paz, Milho Verde é lugar ideal. Lá, deve-se evitar ao máximo usar carro ou moto. Além de saudável, uma boa caminhada para conhecer os lugares mais perto, ainda trás surpresas agradáveis, como a exuberante vegetação rasteira. Com olhares mais atentos pode se perceber escondidas na vegetação rasteira, flores de uma beleza e colorido sem igual. Pequenas e delicadas, os tons das flores se alternam entre o branco, amarelo e azul violeta.
   Caminhando pelas ruas, também vale a pena observar o casario antigo, com suas janelas e portas em madeira maciça, geralmente pintadas na cor azul, contrastando com as paredes em cores que variam do verde claro, branco, amarelo e vermelho. Da esquina da Pizzaria Sempre Viva, por exemplo, pode-se fazer uma observação mais ampla desse cenário. Também vale a pena contemplar o casarão da esquina oposta e seu florido jardim.

   Caminhando um pouco mais, por cerca de uns 20 minutos a partir da Igrejinha do Rosário, chega-se ao Lajeado, para onde se deve ir caminhando sem pressa. As belezas naturais são muitas, a começar pela vegetação, típica de cerrado. Das pequenas trilhas, avista-se o pico do Itambé, ponto mais alto da região.
Mas é a areia branquíssima, fina como açúcar refinado, que encanta os olhares dos visitantes. Margeando o pequeno riacho que corre entre as formações rochosas, a areia convida a uma caminhada lenta, de contemplação.

   A água é ferruginosa, escura, mas igualmente bela e limpa. Entre pequenos poços naturais, pode-se refrescar em alguns com diâmetro de cerca de dois metros e um metro e meio de profundidade. É como estar numa panela natural, com a água geralmente morna até a altura do peito. É uma aventura indescritível. Pouco abaixo, uma sequência de três quedas. Na primeira, a mais visitada, é conhecida como Cachoeira do Lajeado. De acesso fácil e seguro, tem poço natural ideal para idosos e crianças: raso, de águas calmas e de acesso fácil e muito seguro.

   Descendo um pouco, é preciso ter cuidado para chegar a segunda cachoeira, segunda queda. O acesso é feito através de uma pedreira e é preciso muita atenção para evitar quedas. Desaconselhável para crianças, mas vale a pena ir até o lugar. A queda dágua é formada por um filete entrecortando a rocha e em sua queda final, forma um pequeno lago, também margeado pela belíssima areia branca. Tem ainda uma terceira queda, mas nós ainda não fomos. Deixamos isso para o grupo que nos acompanhava. No retorno, o relato de que esta queda é deslumbrante.
Saindo do centro do distrito, em direção ao Serro, duas outras cachoeiras merecem ser visitadas: a do Carijó e a do Moinho. Na Carijó, o acesso é fácil, através de uma pequena trilha. No Moinho é preciso cuidado: uma pequena represa rasa se forma antes da queda de mais de 15 metros. O acesso ao poço abaixo da queda só deve ser feito por pessoas com bom preparo físico, sem medo de altura e com habilidades para descer entre as pedras. Não é preciso dizer que para esses passeios até as cachoeiras um ingrediente deve ser evitado: o álcool.






Reportagem retirada da Revista VITRINE, VIAÇÃO PRESIDENTE, ANO I, Nº7, FEVEREIRO DE 2010, OS ENCANTOS DE MILHO VERDE. Págs.2 a 7.

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