FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
A festa de Nossa Senhora do Rosário acontece sempre no mês de setembro ou outubro; neste ano aconteceu nos dias 08 e 09 de outubro. Festa com tradições centenárias como as danças dos Catopés, Caboclinhos, Marujada, além do Reinado, grande queima de fogos com hasteamento do mastro no sábado à noite, procissão, barraquinhas. A festa reúne muitas pessoas de diversos municípios e agrega valores culturais muito ricos advindos dos povos negros, ex-escravos, que foram passados de geração em geração, e ali perdura ainda com seus ritos e místicos cantos, ora tristes, ora alegres, e bem diferentes do que vemos normalmente nos dias atuais.
CATOPÊ FRANCISCO LIMA, o CHICO |
CATOPÊ LUIZ E ROQUE |
CATOPÊ DUDU |
À FRENTE O FILHO DE *SENHOR CRISPIM (*IN MEMORIAN) |
CATOPÊ SR. IVO, SR. LUIZ, LOURIVAL E MARIA DE FÁTIMA |
Origens: a coroação de Reis Congos
Vários pesquisadores de presença negra em Minas Gerais afirmam que a maior parte dos africanos escravizados na região tinha procedência banto - termo designativo de um macrogrupo com semelhanças linguísticas e culturais que ocupa a África Centro-Ocidental. Assim, para entendermos algumas dimensões da cultura mineira, faz-se de grande importância a compreensão do arcabouço cultural trazido por estes africanos.
Um dos elementos chave da Festa de Nossa Senhora do Rosário é a coroação de Reis Congos e as festas a ela associadas, que estiveram presentes em quase todos os lugares que exploraram africanos como escravos. O Reino do Congo, em fins do século XV e início do XVI, era uma espécie de federação de várias tribos reunidas em torno de um poder central organizado em torno do rei. Foi neste período que o reino viveu seu apogeu, o que foi reforçado especialmente com a intensificação das relações comerciais, religiosas e diplomáticas com os portugueses, que chegaram ao reino por volta de 1482. A fama de sua grandiosidade certamente se espalhou e fez parte do imaginário dos africanos que foram capturados e comercializados como escravos.
Na cosmogonia banto, a água divide o mundo dos vivos - povoado pelos negros - ,do mundo dos mortos - povoado por brancos. Assim, quando os portugueses chegaram ao Congo pelo mar, foram recebidos como emissários da terra dos mortos, compreendida como fonte de toda sabedoria. Muito provavelmente advém daí, segundo alguns historiadores, a relativa receptividade que os congoleses ofereceram em relação às concepções trazidas pelos portugueses. Algumas feições comuns às religiões banto e católica também facilitaram a incorporação do cristianismo e a criação de um cristianismo africano, que fez parte da bagagem cultural dos que para aqui foram trazidos como escravos. Foi justamente a existência desse catolicismo particular que permitiu que as origens africanas fossem invocadas no Novo Mundo também por meio do catolicismo e não apenas por meio de práticas africanas tradicionais.
De outro lado, o tráfico de africanos e o processo de escravização levaram à quebra das estruturas sociais que balizavam suas vidas, exigindo a construção de novas formas de socialização entre os negros que aqui foram escravizados. Se na África a forma básica de organização social se dava pelas linhagens, reunidas em torno de chefes tribais, as eleições de reis negros e as festas que celebravam estas eleições foram o modo encontrado pelos africanos escravizados para recomporem essas estruturas sociais e se inserirem na sociedade escravista da época.
Texto extraído da cartilha: Os cantos sagrados de Milho Verde, Pág. 08, da Associação Cultural e Comunitária do Catopê e da Marujada de Milho Verde e Adjacências - ACMVA, maio de 2007.
FESTA DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES DE MILHO VERDE
(Perfeita)
Situado entre Diamantina e Serro,
o paradisíaco Milho Verde tem Nossa Senhora dos Prazeres como padroeira. Essa escolha
do século XVIII não deve ter levado em conta que a estância se transformaria em
local para lazer mediante seus atrativos culturais e naturais, apesar de que os
prazeres e as inegáveis benesses já serem desde sempre ali desfrutados. Vivenciamos
com alegria a Festa de Nossa Senhora dos Prazeres de 2011: celebrações, mastro,
banda de música, procissão, barraquinhas, forró... Esse evento, caracterizado pela participação
majoritária dos moradores, conta sempre com inúmeros visitantes alheios às
comemorações. Reinou um bem-estar harmônico somente explicável através da
amplidão da palavra prazer. Depois das festividades, ouvi testemunhos
interessantes de turistas: “Nunca tinha
visto uma procissão...Não sou católico e participei de tudo... O padre deu uma aula... Quanto bom gosto em tudo... Volto no ano que vem... Ah, se na minha terra fosse assim...”. Entre os moradores a satisfação se generaliza
na convivência social e nos ritos da Igreja. Missas que confortaram por falecimentos
recentes alegraram aniversários de casamento, ciclos da vida comungados
coletivamente. O seminarista Gilvan
Balbino, congregado efetivamente na comunidade, conhece e proporciona a
realização dos seus anseios. Nossa Senhora, diante de nossa contemporaneidade
marcada por sofrimentos, mostrou que verdadeiros prazeres são pequenas
manifestações de paz, de festejos simples e comuns vivenciados com sensibilidade
e abertura de alma. Durante a procissão,
visitantes e moradores, com olhos lagrimejantes, participavam efusivamente da
oração do terço e dos cantos... Entre
todas as atividades, as missas é que atraíram maior participação. Padre
Raimundo Carlos Pereira da Silva foi aplaudido calorosamente em suas pregações.
Inúmeras pessoas participaram da missa no sábado e no domingo. Aqueles que no sábado
compareceram sozinhos voltaram no domingo trazendo toda a família ou amigos
visitantes. Muitos turistas renunciaram aos lazeres para não perder a missa
seguida de procissão, envolvidos por uma igreja acolhedora, popular,
missionária, culta, convidativa, abrangente, ideal...
Erildo
Antônio Nascimento de Jesus
Texto extraído do Jornal VOZ DE
DIAMANTINA, Propriedade da Associação do Pão de Santo Antônio, ANO XI - Diamantina, 03 de setembro de 2011 –
Nº 525, PAG. 9.
SR JOSIAS CARREGANDO CRISTO - SEMANA SANTA - MILHO VERDE - 2007 |
SENHOR VALDOMIRO CANTANDO
MÚSICA DOS NEGROS...
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